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Tendência é que número de casos continue aumentando em Santa Maria

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Já são mais de 830 pessoas contaminados em Santa Maria pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, em março. Em quatro meses, os santa-marienses viram o quantitativo de casos confirmados subir e, ao que os números indicam, a tendência é que esse aumento se mantenha, pelo menos nas próximas três semanas.

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O mês de junho foi o que mais apresentou confirmações até agora - foram três confirmações em março, 30 em abril, 159 em maio, 418 em junho e 222 até agora em julho -, o que sugere que o pico da infecção já teria passado. No entanto, esse aumento abrupto de casos tem uma explicação.

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- Se a gente analisar o gráfico com os casos confirmados semanais, podemos ver que de 9 a 15 de junho tivemos um pico. Foram 175 casos nesse período. Exatamente nesse período nós tivemos um surto no Hospital de Caridade, que já foi resolvido. E agora caiu. Eles tomaram as providências, conseguiram resolver o surto e isso fez muita diferença. Além disso, nós começamos a testar mais em meados de maio, e começaram a surgir mais casos depois - explica Marcos Lobato, médico epidemiologista da Vigilância em Saúde e coordenador do Centro de Referência Municipal de Covid-19.

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Os dados são compilados e divulgados pelo Observatório de Informações em Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que reúne conteúdo estatístico sobre o avanço da doença na cidade, na região, no Estado e no Brasil. Os números apontam, também, que houve uma redução do número de notificações de casos na primeira quinzena de julho em comparação com a primeira quinzena de junho.

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- Se tu olhares a curva, ela está estabilizando. Mas isso porque tivemos esse aumento de casos em junho em função do surto. Se a gente desconsiderar crescimento em junho, a curva ficaria achatada, e isso significa que a gente vai ter muitos mais casos ainda pela frente, porque a gente não tomou nenhuma nova medida de isolamento. O que estamos fazendo para segurar é testar e testar. Isso mostra que nós conseguimos, mas que estamos em um limite - comenta Lobato.

Para o médico epidemiologista, a queda no número de notificações a partir da segunda quinzena de junho não quer dizer que a velocidade do contágio esteja diminuindo, apenas se estabilizou. Com isso, esse crescimento permanece numa velocidade linear:

- É o limite do nosso controle, de tentar segurar, para não virar um crescimento exponencial. Se a tendência se mantiver de crescimento, após essa queda que se teve, é preocupante, sim, com certeza. É aconselhado esperar cerca de duas semanas para termos certeza do que está acontecendo. Não arriscaria dizer que temos uma redução, não nesta época do ano, principalmente. Por isso os cuidados de isolamento ainda são muito necessários.

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O histograma em barras leva em conta as semanas epidemiológicas. Nesse gráfico, é possível notar que houve um crescimento dos casos confirmados logo no começo do mês passado, chegando ao pico na semana entre 9 e 15 de junho. Se comparadas, a primeira quinzena de julho apresentou redução de cerca de 70% dos casos, em relação à primeira quinzena de junho (de 1º a 15 de junho foram registrados 293 casos, e de 1º a 15 de julho foram 96). Os números da primeira semana de junho, no entanto, ainda não estão concluídos, já que ainda há notificações de casos deste período chegando à Vigilância em Saúde, em função da espera pelo resultado de exames e análise dos dados para registro no sistema que divulga esses dados.

Projeção indica 1.080 casos para final de julho

O estatístico do Observatório de Informações em Saúde da UFSM, o professor Luis Felipe Dias Lopes, é o responsável por fazer as análises dos dados e gráficos divulgados na plataforma. A projeção mais atualizada - com números até o dia 15 de julho - indica que, se o mesmo cenário se manter, em 27 de julho a cidade terá aproximadamente 1.080 casos confirmados de Covid-19. O cálculo da projeção tem um grau de confiabilidade de 97,6%. 

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A linha azul simula o crescimento exponencial dos casos em Santa Maria, num cenário mais pessimista do avanço da contaminação. Atualmente, a infecção avança em um crescimento linear na cidade, dentro do esperado. A linha vermelha faz a projeção do número de casos em até duas semanas à frente, com nas mesmas condições apresentadas até agora. Nesse caso, a projeção para 27 de julho é de 1.080 casos. A expressão "R2" é o coeficiente de determinação, que mostra o grau de confiabilidade do cálculo, a tendência. Ou seja, expressa a quantidade da variância dos dados que é explicada pelo modelo linear. Nesse caso, a projeção feita pela UFSM tem 97,59% de confiabilidade.

- Hoje, o Brasil está em um crescimento exponencial da doença, tanto é que chegamos aos dois milhões de casos essa semana. Hoje, o crescimento em Santa Maria é linear essa estimativa nos mostra que a gente não está estabilizando, que estamos em um crescimento linear normal. Existe uma previsão, de outras pesquisas que acompanhamos, que o pico de Covid-19 no Rio Grande do Sul será em agosto, então estamos chegando nele. Estamos a uns 15 ou 20 dias do pico - comenta Lopes, que também é chefe do Departamento de Ciências Administrativas da UFSM e doutor em Engenharia de Produção. 

Outro indicador usado pelos especialistas para acompanhar o avanço do vírus é a chamada média móvel, que é o resultado da soma dos números de casos dos últimos sete dias, dividido por sete. Esse dado possibilita a criação de um gráfico que mostra a variação diária. 

- Essa curva estuda os picos. Nela, podemos ver que o pico foi em 10 de junho, até agora, mas a gente não sabe o que vai ter pela frente. Muitos casos aparecem com atraso nas notificações, então depois essa curva pode mudar com a inclusão de dados mais recentes. Por enquanto, se nós não tivermos vacina, vai continuar assim. A não ser que a gente pare tudo, mas é impossível. Por isso que a gente segue pedindo para as pessoas se cuidarem, evitar o contato, não deixar de usar máscara e álcool gel - comenta o professor.

Comportamento das pessoas influencia diretamente na oscilação das curvas

Fazer uma projeção de um cenário futuro é, para os especialistas, uma aposta, já que para traçar um cenário futuro, presume-se que todas as condições anteriores se mantêm e assume-se um determinado comportamento como base. Por isso, mesmo que os números apontem os cenários mais pessimistas ou otimistas, um dos fatores determinantes para a melhora dos indicadores é como as pessoas se portam diante da pandemia.

- Pelo que se está desenhando, voltar ao normal ou a um cenário mais seguro, só depois da vacina. O que vai acontecer são essas ondas. É difícil de aceitar, eu sei, mas vamos ter que nos acostumar com, ora um aumento de casos, ora uma queda. Nós passamos por um momento longo de isolamento bem no início, e isso cansa muito. Eu acho que a saída é liberar e depois fechar um pouco, tentando moderar a situação. É preciso achar alternativas e criar um novo normal, que é difícil e longo - destaca o epidemiologista Marcos Lobato.

Segundo o especialista, além do comportamento das pessoas, o frio do inverno também é fator de preocupação para as próximas semanas:

- A gente vê s pessoas se aglomerando, o Centro cheio de pessoas na rua, voluntariamente passeando. Se isso não muda, então porque vai mudar a curva? E se a gente considerar, ainda, as doenças respiratórias nessa época do ano, só em outubro mesmo para as coisas ficarem melhores.

Para o professor Luis Felipe Dias Lopes, os cuidados de prevenção devem permanecer:

- As pessoas precisam ter muita cautela com os idosos, na hora de ir ao mercado, ao sair de casa. Tem muitas pessoas assintomáticas circulando sem saber que estão infectadas. Nesse ponto, a gente não quer ser pessimista, mas o nosso normal vai demorar um pouco para voltar. Na universidade, por exemplo, não tem como retornar com as atividades presenciais neste ano. O nosso normal, com aulas práticas, não volta, temos alunos do Brasil inteiro. Precisamos seguir nos resguardando.

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Indicador que passou a ser feito nesta semana pelo Observatório de Informações em Saúde da UFSM. Com ele é possível acompanhar as variações diárias e monitorar o avanço do vírus. O gráfico mostra o número de casos de cada dia em barras e uma linha vermelha que mostra a média dos últimos sete dias. O cálculo é feito da seguinte forma: soma-se o número de casos dos últimos sete dias e divide-se o resultado por sete. Essa curva estuda os picos de infecção da doença. Os números podem sofrer alterações ao longo da semana, em função de algumas notificações atrasadas acumuladas que ainda não foram registradas. Por isso, a queda aparente da última semana, entre 10 e 15 de julho, significa que ainda há números a serem atualizados, segundo os especialistas consultados



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